terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Desilusão


Era uma vez uma menina meiga, doce, divertida
Tornou-se mulher, aflorou
Começou a chamar atenção
Era linda, inteligente, uma graça
Certo dia o Amor chegou
Lindo, másculo, divertido e sarcástico
Deu trabalho, muita dor de cabeça
Noites em claro, choro junto ao orvalho
De meiga, doce e divertida, passou a ser
Amarga, grosseira e arredia
Ficou feia, sem nenhuma graça, desprezava a vida e só via desgraça
O Amor se foi, a trocou por outra
Não deu mais trabalho, nem dor de cabeça
Restou o vazio de algo que fora preenchido um dia
Fundo, oco, nulo, sem rumo
Depois o Amor voltou, a procurou Implorou, se humilhou, chorou
Não deu certo Lá no fundo tudo mudou
Não o regou, nem o alimentou
O Amor se arrependeu, aprendeu com o seu erro
Trocou o certo pelo incerto
Bateu cabeça, passou nervoso
Achou que sua volta seria certa
Decepcionou-se
Ela não o queria mais, havia mudado
Sofria em silêncio, coração machucado
Sua alma desprendia-se do corpo
Pouco a pouco, deixando-o oco
Na primavera se foi de vez
Levemente o fez no final do mês
Foi de manhã, a brisa soprava
As flores exalavam o seu perfume
Os pássaros cantavam e o riacho sussurrava
Ela respirou fundo, esticou sua mão sobre o criado mudo
Não conseguiu, a mão pendeu, a cabeça tombou, a lágrima caiu e seu espírito partiu
O Amor chegou atrasado
Desamparado, inconformado
Viu o olhar dela para o lado
Ressabiado espreitou-o
Não acreditou, no criado mudo estava seu rosto emoldurado
Gritou, chorou...
Ela não viu e nem ouviu e então ele partiu...