quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

A casinha

Era uma vez uma casa. Uma bonita e pequena casa. Possuía um quintal, gramado, cerca de madeira branca e um jardim maravilhoso na frente repleto de rosas vermelhas, amarelas e brancas. No canteiro de entrada uma qualidade de orquídea chamava a atenção, era uma orquídea azul, azul como o céu. As pessoas que passavam por aquela casa não podiam deixar de exclamar, parecia uma casinha de boneca tão meiga e delicada ela era.

O tempo passou, os moradores mudaram e a casinha ficou sozinha. Tomou vento, chuva, calor e a sua pintura começou a descansar, a tinta saia em tiras quebradiças e ninguém mais exclamava ao passar por ela.

Passaram mais alguns anos a cerquinha de madeira já estava quebrada e metade encontrava-se no chão, o gramado havia virado um matagal onde camundongos faziam o seu ninho. Os passarinhos não pousavam mais em suas janelas.

Novamente o tempo mostrou que é rude e implacável, agora não era apenas a pintura que se soltava aos nacos, era parte do reboco que caia no chão, algumas de suas telhas estavam soltas, outras o vento conseguira tirar do lugar. A veneziana que outrora fora verde escuro estava desbotada e pendia uma parte para o lado. Não havia mais um único vidro inteiro na casa.

Neste mesmo ritmo o tempo continuou a avançar, foi passando, a casa foi se deteriorando e o bairro foi se expandindo.

Certo dia chegou uma moça e parou em frente da casa, olhou todos os lados e foi embora. Passaram alguns dias, alguns pedreiros chegaram e começaram a reconstruir a casinha.

Pintaram-na de amarelo claro, colocaram vidros novos. As portas e as janelas foram pintadas de branco perolado, uma textura cintilante e aveludada. Apararam a grama, podaram as rosas e plantaram árvores em volta. Colocaram um balanço vermelho e azul e fizeram um caminho de entrada com pedras de mármore rosado.

A moça voltou, sorriu ao ver a mudança da casinha e adentrou o quintal com um cachorrinho no colo. Imediatamente o cachorrinho pulou no chão e feliz correu por todo o quintal, latindo e balançando suas orelhas. A moça girou entre as rosas com os braços abertos, o rosto voltado para o céu com um enorme sorriso. Depois caminhou tranquilamente até o balanço e pegando o cachorrinho novamente no colo balançaram suavemente entre as rosas vermelhas, amarelas e brancas por trás da cerca de madeira.

O sol já estava se pondo e pequenos vagalumes enfeitavam a entrada com seu balé de luzes e escuridão, ao longe uma cigarra começou a cantar enchendo aquele início de noite de magia e encanto.