quarta-feira, 16 de março de 2016

O que você considera corrupção?

Estava aqui pensando se todas estas pessoas fervorosas em passeatas pelas ruas de São Paulo estão realmente em dia com suas obrigações sabe, quantas compram DVDS e CDS piratas? Fazem gato de TV a cabo e energia elétrica, devolvem o dinheiro quando o trono vem a mais...

Corrupção não são apenas os problemas que estamos vendo pela televisão todos os dias. Somos bombardeados com informações de corrupção por todo o País, mas e os cidadãos? Estão realmente cumprindo o seu dever com a sua Pátria? São pessoas justas? Com valores? Se encontram uma carteira com dinheiro na rua, entram em contato com a pessoa para devolver? E se fosse o contrário? A carteira com dinheiro e sem documento, mas um telefone, você ligaria para tentar localizar o dono?

Corrupção são tantas coisas, coisas simples no dia a dia que muitas vezes passam despercebidas para a maioria das pessoas. Um exemplo simples é aquele senhor que vende DVD pirata, ele também faz parte deste grupo seleto, aí você me fala, mas ele está desempregado. Eu entendo, mas é crime e todos sabemos. E o trabalho de inúmeras pessoas ligadas à produção daquele DVD que ele vende? E quando você vai na Santa Ifigênia comprar um celular genérico, um programa de computador, um antivírus? As imitações de Barbies e Elsas na 25 de março também contam sabia?

É difícil mudar a mente de toda uma população, mas a mudança precisa começar em nós. Porque existe pirataria? Por que existem pessoas que compram estes artigos, aparelhos, brinquedos e desta forma continuam a movimentar este sistema sujo e vil. Depois não adianta se arrumar no domingo saindo às ruas para reivindicar um direito que infelizmente você banaliza.

Precisamos ser a mudança deste mundo pra ele funcionar... Eu só estava pensando....


5 perguntinhas para Vinícius Grossos


Bom, finalmente consegui ler "Sereia Negra" e aproveitei o embalo para fazer nossa conversa de sofá com o Vinícius, ele foi super atencioso e arranjou um tempinho para responder nossas perguntinhas. Prontos para conhecerem um pouco sobre o processo criativo do autor?

1 - Como surgiu a idéia de criar "Sereia negra", foi algo que já estava em seu coração, ou, surgiu de repente? 

Sereia Negra surgiu da frustração de ter assinado com uma editora que prometeu publicar meu primeiro livro, o Quatro Caminhos, e segurou os direitos por dois anos e não o publicou. Acho que por isso a Inês tem um gênio bem forte e é meio revoltada; a minha revolta foi transmitida para ela. Hahaha E assim, como eu só escrevia Young-adult, quis me desafiar a sair do meu gênero e tentar algo novo. Partindo daí, sereias são meus seres favoritos. Com essa ideia na cabeça, a Inês com seu black-power, seus pensamentos e dramas veio à minha cabeça completinha.

2 - Dá para notar que desde este livro você já nutria uma vontade de apresentar o amor entre gêneros similares, Kelsen e Grany são exemplos. Agora com o livro "1+1 a matemática do amor" o que mudou? Como surgiu a idéia? Foi fácil trabalhar com outro autor para construir a trama? Como se organizaram para dar vida ao projeto? 

Eu acho importante sempre bater na tecla da igualdade e do amor acima de tudo. Eu fui criado assim, então são conceitos que estão enraizados em mim.
E 1+1 surgiu de uma forma muito orgânica. Eu e Augusto já éramos amigos, e já havíamos discutido algumas ideias. Até que um dia ele me enviou o primeiro capítulo, e eu acabei respondendo o capítulo dele com outro. Ficamos assim um tempo, até que percebemos que tínhamos um livro pronto.
O livro narra os pontos de vista do Bernardo e do Lucas, sendo que cada personagem foi escrito por um de nós.
No final, posso dizer que eu e Augusto ficamos muito satisfeitos com a delicadeza que alcançamos.

3 - Ainda não li "O garoto quase atropelado", mas em uma conversa você disse que os dois livros "Sereia Negra" e "OGQA" são opostos, totalmente diferentes... Qual seria esta diferença? Apenas a fantasia? 

Não só a fantasia. Sereia Negra trata de temas sociais, mas a roupagem da fantasia está ali sempre. Em OGQA, podemos dizer que se cava mais no interior de mais personagens. Em Sereia Negra ficamos o tempo todo centrado na Inês. Em OGQA temos quatro personagens que são abertos e você conhece cada pedacinho de suas almas; as partes bonitas e as feias.

4 - Agora voltando um pouquinho no tempo, quando foi que você descobriu que sua vocação era escrever? Como foi descobrir-se um autor? 

Eu lembro nitidamente deste momento. Eu escrevia simplesmente para os meus amigos; sentia vergonha de mostrar meus rascunhos. Mas uma professora de literatura pegou esse original, e levou para alunas de outro Colégio lerem e darem suas opiniões. Foi a partir deste momento que eu soube que poderia tocar outras pessoas com as minhas histórias.

5 - Sereia Negra é um livro que mexe muito com as pessoas, eu tenho certeza! Mexeu comigo, perceber como o outro se sente em relação aos demais é muito dolorido. Pensei nas inúmeras "Ineses" que passam por algo similar todos os dias e ninguém faz nada. Pensei nas pobres garotas de pele escura e lisinha, com seus cabelos volumosos e exuberantes, em seus lábios sensuais e carnudos e olhos grandes e inteligentes e tentei entender a razão para tanta crueldade e lembrei que você deu a resposta "inveja, vontade de ser igual". Seríamos tão mais felizes se todos pensassem igual, que todos somos únicos, perfeitos e iguais: temos sangue vermelho, coração e precisamos do mesmo ar para viver!
Olhando agora para o seu trabalho depois de dois anos certo? O que você acha que de certa forma mudou de quando o escreveu para os dias atuais? Mudaria algo? Acrescentaria mais coisas? Acha que a Inês merece uma continuação? 

Quando eu escrevo, eu simplesmente esqueço de mim, e passo a viver a vida da personagem. É insano nisso. Mas acho que o Sereia Negra mais me ensinou foi o amor próprio. Eu não era tão confiante quando estava escrevendo o livro. A Inês me ajudou a reencontrar minha autoestima e meu amor próprio.
E bem, eu acho que mudaria pouca coisa numa possível nova edição. Talvez acrescentar algumas cenas de Inês e Patrick... Estender mais o livro.
E sim, penso sim numa continuação... Quem sabe um dia?!

Quero agradecer novamente ao querido Vinícius pelo tempo disponibilizado. Adorei conhecer um pouco mais sobre o seu trabalho e garanto: vou ler os outros livros viu? Beijinhos!!!





terça-feira, 15 de março de 2016

Sereia Negra - Vinícius Grossos



Terminei a leitura no domingo a noitinha e estive até agora digerindo a história da Inês. Fiquei completamente envolvida com todas as personagens, torcendo por Inês, Patrick, Lucil...

O enredo parece comum uma órfã de mãe, abandonada pelo pai, criada pelo avô rabugento em uma casinha na beira da praia. Uma garota que sofre bullying por ser negra e pobre... Algo familiar? Então em meio a tantas familiaridades algo realmente incomum acontece, uma tempestade sobrenatural chega avassaladora na praia abocanhando a areia rapidamente e deixando um rastro de solidão pelo caminho. Inês nota seu avô enterrado até as coxas no meio da areia com ondas cobrindo ele todo, ela tenta ajuda-lo e por mais que se esforce ela perde. O mar bravio ganha, levando Inês para o fundo solitário... Solitário? Nem tanto!

Inês é uma SEREIA, a única sereia negra da história, de beleza incomum, com cabelos black power e uma cauda translúcida negra que brilha como um diamante jogando luzes arroxeadas e azuladas para todo o lado. Ela é linda! É única! É a lenda viva que os seres aquáticos esperam há anos. Sua Salvadora: Inês, a Sereia Negra!

Neste momento, assustada, sozinha e triste com a perda do avô Inês quer apenas respostas, mas elas demoram a chegar e de início chegam pela metade. Muita coisa está encoberta e ela sai em uma busca frenética atrás de mais informação, é quando conhece Tristian, um tritão lindo de olhos, cabelos e cauda brancos como nuvens.

Como não bastasse Inês é forçada a se casar com Kelsen que é extremamente apaixonado por outra pessoa e Inês também está apaixonada por outro, um pescador de pele bronzeada e ombros largos com um sorriso devastador que faz Inês sentir sensações até então desconhecidas para ela. Ai ai estes pescadores de camisas surradas e calças claras...

O livro me encantou por assim dizer. Mergulhei fundo com a Inês e pude ver pelos olhos dela o mundo mágico e hospitaleiro que é Atlanta. Conheci Lucil o golfinho brincalhão, Zeyus o Rei dos Mares, sua esposa a fria e distante Madynah, Boncé a princesinha e tantos outros.

Sereia Negra fala de preconceito, amor e reconciliação. Nos mostra como as pessoas podem ser cruéis pelo simples fato de uma pele ser de coloração diferente, de cabelos que não seguem os padrões de beleza e de quem possui mais posses.

Fala de amor em toda a sua essência, sentimento este tão banalizado atualmente em nossa sociedade. Fala de perdas, grandes perdas estas que mesmo o tempo sendo implacável ainda está recente e fresca na memória.

Nesta mesma história encontramos o perdão, o início de um novo ciclo e uma segunda chance para brilhar ainda mais, porque além de ser a única sereia “diferente” Inês é única pela bondade escondida em seu coração tão machucado por xingamentos e por ódio gratuito sem necessidade.

Ódio, inveja e vingança são venenos para a alma que é pura, simples e doce, nunca uma pessoa pura de coração fará algo para humilhar o outro, muito pelo contrário, fará algo para ajudar e engrandecê-lo, porque ajudar o próximo é mágico.

Infelizes e humilhados são os que humilham, fazer piadinhas de etnias, gêneros e nacionalidades é algo tão ínfimo que só uma pessoa ignorante de espírito é capaz de fazer e achar graça.

Sereia Negra veio para colocar um pouco de entendimento nestes pobres seres que se acham superiores aos demais.

Vinícius você foi incrível, bem que você me falou que era bem diferente, agora estou super ansiosa para ler “O garoto quase atropelado”.

Enfim, Sereia Negra é um livro para ler com os olhos do coração, imaginar, sonhar e querer um mundo mais humano, com menos preconceito e mais amor.

Ficaram curiosos para descobrir como Inês se tornou a salvadora que os seres aquáticos tanto esperavam? E o Patrick? Será que Inês conseguiu ficar com ele, mesmo sendo casada com um tritão de linhagem pura? E Tristian? O que será que aconteceu com ele?

São tantos acontecimentos que você não vai conseguir desgrudar os olhos até chegar na última página. Corra e dê um mergulho com a Inês nestas águas profundas...


terça-feira, 1 de março de 2016

E se fosse verdade - Marc Levy

Você com certeza já assistiu ao filme certo? Se não assistiu vai assistir depois da resenha do livro. Sim existe o livro e não, não é parecido com o filme. É um livro francês escrito em 1999 e seu título original é “Et si c’était vrai”.
 
 
Sou totalmente contra adaptações muito diferentes sabe? Elas de certa forma mudam a história e isso não é legal... Se fosse com um livro meu, eu não sei se aceitaria tão facilmente, ficaria chateada de início e depois passaria a aceitar a releitura da minha obra... Talvez...
 
A idéia geral é a mesma, uma médica interna do hospital Memorial de San Francisco, a Lauren (a começar pela mudança dos nomes não me agradou nada) sofre um acidente e entra em coma profundo. Até aqui tudo bem, mas o desenrolar da história é que não para de mudar.
 
Arthur é um arquiteto, é bem financeiramente e rompeu seu relacionamento não faz muito tempo. Paul é seu amigo e sócio, nada de um psiquiatra de nome Jack.
 
Lauren certa noite está retornando de um plantão de muitas horas, está em alta velocidade, cansada e sonolenta, ao chegar em casa vai direto para cama. No dia seguinte pula da cama cedo, passaria o fim de semana em Carmel com os amigos. No caminho sofre um acidente horrível, eram seis e meia da manhã de um sábado quando seu Trimph começa a girar diante da imensa fachada do edifício de Macy’s. Tudo acontece de repente e Lauren é lançada para fora do carro. Ela está inerte.
 
No inverno de 1996 Arthur chega em seu novo apartamento e começa a esvaziar as caixas espalhadas pelo aposento. Mais tarde depois de tudo pronto foi para o banheiro tomar um banho de banheira e escutou estalidos de dedos acompanhando a música do rádio vindos do armário. Deparou-se com uma mulher escondida entre os cabides. A moça no roupeiro era sua proprietária post mortem. Será que isto existe?
 
Apenas uma frase foi dita para que tudo tomasse um rumo louco e pouco usual: “O que vou dizer-lhe é difícil de entender, é quase impossível, mas se você tiver  bondade de escutar minha história, se tiver a bondade de confiar em mim, então, talvez, termine por acreditar e é muito importante, porque você é, sem o saber, a única pessoa do mundo com a qual posso dividir este segredo.”
 
Sem acreditar na história da desconhecida e ao mesmo tempo achando tudo muito inquietante ele decide ir com ela até o hospital onde ela afirma estar em coma profundo há seis meses desde o fatídico dia do acidente e para sua surpresa, Arthur se vê no carro com Lauren ao seu lado dirigindo-se para o hospital e quando lá chega fica estarrecido. No quarto 505 Lauren estava acamada. Cheia de fios e conectada a aparelhos. Estava mais pálida que a Lauren do armário, mas definitivamente eram a mesma pessoa.
 
A partir deste momento Arthur se ausenta do escritório e mergulha em livros de medicina para entender o que até os médicos desconhecem sobre o coma profundo. A pessoa não está morta, mas também não responde a estímulos, pode escutar, mas não se comunicar. Um coma persistente na maioria das vezes não tem volta, mas em casos raros a pessoa retorna com sequelas ou sem. Um verdadeiro enigma para a medicina.
 
Um dia quando Arthur resolve fazer uma surpresa para Lauren a encontra mal-humorada. Naquele dia enquanto estava visitando o seu corpo ela escutou os médicos induzirem sua mãe a desligar os aparelhos e com apenas 4 dias para tentar voltar do coma e levar sua vida normalmente ela se vê largada a própria sorte, segue-se uma corrida contra o tempo e Arthur resolve fazer algo inusitado e claro, Paul seu amigo é forçado a colaborar deste plano maquiavélico. O que vocês acham que acontece?
 
Minhas queixas: no filme ela é loira de cabelos curtos (Reese Witherspoon) no livro é morena de cabelos longos.
 
No filme o nome dela é Elizabeth no livro Lauren.
 
No filme ele se chama David e é paisagista (Mark Ruffalo) no livro É Arthur e é arquiteto.
 
No filme ela tem irmã e sobrinhas. No livro é a mãe e a cadelinha Kali.
 
No filme ela não sabe quem é muito menos que está em coma, só sabe que não está morta. No livro ela sabe quem é, que está em coma, o hospital e como tudo aconteceu.
 
No filme o amigo de David, o Jack é o JJ antigo namorado da irmã de Elizabeth. No livro ele é Paul, sócio de Arthur no escritório.
 
O mais enraçado: no filme ele só consegue vê-la porque iria conhece-la no dia do acidente. Um encontro às escuras na casa da irmã dela. No livro ele só a vê porque alugou o apartamento dela.
 
Não creio que sejam detalhes “bobos”, acho que muito da história ou tudo foi mudado apenas permanecendo o fato dela ser médica e estar em coma. Ok, sou chata, mas acho que adaptações quando muito diferentes “estragam” a história. Antes de ler o livro este era um dos meus filmes preferidos, continua sendo é claro, mas tenho certeza que se fosse seguido à risca também seria perfeito.
 
Resumindo: deixo as conclusões para vocês leitores, espero que gostem do desfecho, eu gostei mesmo não aprovando rs...