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segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

O caso do hotel Bertram - Agatha Christie

Hotéis... Alguém aí tem medo de passar a noite neles? Não sabemos quem dormiu na mesma cama que nós iremos dormir, não sabemos quantas pessoas estiveram doentes deitadas ali, quantas encontraram o seu fim naquele colchão, ou, até mesmo quantas pessoas se amaram...
 
Não sabemos se ali naquelas quatro paredes alguém com algum tipo de tormento passou a sua agoniante noite dizendo palavras de ódio e querendo acabar com tudo a sua volta, mas uma coisa sabemos; no hotel Bertram nada disso existe, pelo menos é o que todos dizem...
 
Regido pelo magnífico Henry, o hotel Bertram é sinônimo de aconchego, respeitabilidade e discrição. É um hotel que perdurou pelo tempo, é caro, frequentado por pessoas apenas da alta sociedade, dos mais altos escalões do clero e senhoras que gostariam de voltar no tempo para a Inglaterra de Eduardo VII. Tudo é mesclado com a praticidade do modernismo, mas com o clássico charme da era vitoriana, tanto que seus hóspedes buscam neste hotel o tradicional chá da tarde com muffins amanteigados que escorrem o recheio pelo queixo quando mordidos e derretem na boca. Não há nada parecido com o hotel Bertram, nada!
 
Ali mais à frente no saguão de entrada, sentada em uma poltrona de veludo enquanto aguarda seus muffins e seu bolo de cominho encontramos nossa querida e amada Miss Marple, mais adiante o atrapalhado e esquecido cônego Pennyfather que nunca sabe qual o local exato que deve estar. Temos também Bess Sedgwick que não se encaixa neste hotel, mas está ali em um simples vestido comendo muffins no salão, uma das mulheres mais ricas e avançadas para a sua época, dizem que é amante de Ladislaus Malinowski o piloto de corrida, o mesmo que sua filha Elvira está apaixonada.
 
Infelizmente algo acontece para acabar com o sossego do Bertram, o atrapalhado cônego confunde a data, viaja um dia depois e acaba sumindo misteriosamente por alguns dias deixando sua bagagem no quarto. Na mesma noite um trem é assaltado e o dinheiro levado por um motorista em um carro branco de corrida que zumbia como um foguete e próximo a cena do crime aparece um clérigo pipocando na estrada dirigindo um Morris Oxford.
 
Quem poderá ter assaltado o trem irlandês? E nosso cônego atrapalhado está envolvido, ou, se encontrava no local e hora errados? E o carro de corridas teria de fato algum envolvimento?
 
Como sempre Agatha nos encantando com sua histórias policiais, cheia de reviravoltas e detalhes minuciosos que fazem toda a diferença.
 
Agora da próxima vez que se hospedar em um hotel, tenha certeza de sua reputação...