quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Crônica sobre o pequeno choro

Um temporal desabava lá fora e ele não se importava, pois dentro dele sempre houve nuvens de chuva carregadas, rompeu o portão da sua casa, andou ensopado até seu quarto, trancou a porta a casa sempre parecia mais bela quando todos dormiam.

Sentou na velha escrivaninha de madeira, acendeu uma ou duas velas, para o quarto ficar mais acolhedor, olhou e viu que tudo ficava mais belo iluminado pelo fogo, ele podia ver seus livros, Bukowski, Machado de Assis, Kerouac e também seu amado Don Quixote, todos ali, olhando para ele com aquele olhar de alento e ternura, homens que entendiam o seu doer solitário.

Sentou, sabia o que deveria fazer, chamou Tom com sua " Luiza " e Elis com sua " Fascinação ". Ele explodiu em pequenos espasmos, as lágrimas foram caindo no chão de madeira, o choro era pelo chorar, por que era poético, por que sua alma ficava mais bela quando as lágrimas desciam em seu balé, por que precisava, por que admirava as lágrimas rolando e com isso sabia que existia pureza dentro dele.

Quando peso ficava insuportável, fracassos, amores improváveis, desilusões mais do que diárias, ele tinha esse pequeno ritual, abraçado pelas vozes, pelos imortais, que ali estavam com suas letras, e a noite ficava banhada de chuva, dentro de um quarto a luz de velas.

Como é poético o chorar só.
 

2 comentários:

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