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segunda-feira, 5 de março de 2012

Sacolas de pano e caixas de papelão: alto grau de contaminação!


O engenheiro químico Miguel Bahiense, de 39 anos, presidente da Plastivida tem certeza que o acordo voluntário feito pela Associação Paulista dos Supermercados (APAS), o Governo do Estado e as principais redes de supermercados que tirou dos consumidores o direito de utilizar as sacolinhas plásticas é uma farsa.

A população de baixa renda será a mais prejudicada e o estrago ambiental será imenso já que não terão como descartar seu lixo. E nos dá um alerta importantíssimo: as caixas de papelão e sacolas de pano têm alto grau de coliformes fecais, coliformes totais e o E.coli. Ele também afirma que as demissões na indústria do plástico são irreversíveis caso o acordo, já questionado na justiça, tenha prosseguimento.

Até que ponto o acordo que proíbe as sacolas plásticas nos supermercados pode ser considerado uma farsa?
“O argumento ambiental utilizado como justificativa é equivocado. O movimento é claramente econômico. A conta é simples: as sacolas plásticas custam aos supermercados R$ 200 milhões por ano. Este valor é embutido no preço dos produtos. Até 24 de janeiro, o consumidor ia ao supermercado, fazia as compras e indiretamente pagava pela sacolinha, já que o seu custo estava embutido nos preços dos produtos. Ainda assim, ele estava comprando uma embalagem para duas aplicações: transportar as compras e embalar o lixo. A partir do sai 25, o consumidor passou a ter que comprar duas embalagens para essas duas coisas. Uma embalagem – as sacolas biodegradáveis ou retornáveis, para transportar os produtos comprados – e outra, o saco de lixo. Pior, os R$ 200 milhões continuam embutidos nos preços”.

A APAS assegura que os supermercados vão repassar esta economia para o consumidor.
“Os representantes do setor supermercadista têm afirmado que vão oferecer promoções, investir em ações de sustentabilidade, melhoria de serviços, tecnologia etc. Ora, eu sou consumidor antes de tudo e para mim o que interessa é que o valor que eles repassam para os produtos seja devolvido através da redução dos preços e ponto. Os supermercados sempre fizeram promoções e continuarão a fazer com ou sem sacolas, precisam disso para atrair consumidores por causa da concorrência”.

As sacolinhas são mesmo as vilãs do meio ambientes?
“Ambientalmente, as sacolinhas comuns são comprovadamente as mais sustentáveis. As sacolinhas apresentam menor emissão de CO2 em seu ciclo de vida, além de consumir menor quantidade de matéria-prima frente às outras”.

O termo “biodegradável” é mais sedutor aos ouvidos do consumidor?
“O termo é sedutor, mas confunde a população. Passa a impressão que é algo que vai sumir na natureza sem causar danos. As sacolas biodegradáveis, vendidas, só se biodegradam em condições adequadas de compostagem, ou seja, precisaria de uma usina de compostagem e controlar as emissões. No Brasil, entretanto, não existem usinas de compostagem. Se o nome biodegradável é sedutor para o consumidor, para a ciência é muito pior em termos de impacto ambiental”.

Em 2007 o Brasil consumiu 17,9 bilhões de sacolas. Em 2011, o consumo caiu 27,9%, e atingiu 12,9 bilhões. Em 2011, São Paulo consumiu 5,2 bilhões, esta redução se deve ao Programa de Qualidade e Consumo Responsável de Sacolas Plásticas, capitaneado pela Plastivida em parceria com o INP (Instituto Nacional do Plástico) e a ABIEF (Associação Brasileira da Indústria de embalagem Plásticas Flexíveis). Que visa à fabricação do uso de sacolas mais resistentes, que suportam até 6 quilos. Na educação ambiental informamos ao consumidor, por meio dos caixas e empacotadores, que ao utilizarem sacolas mais resistentes, eles não precisarão colocar uma sacola dentro da outra. Assim reduz-se o consumo e eliminamos o desperdício.

Até que ponto a população de baixa renda vai sofrer mais?
“A população de baixa renda é a que mais utiliza as sacolinhas plásticas para descarte do lixo. A conta também é simples. Antes a população reutilizava as sacolas para descartar o lixo, não importava sua classe social. Agora, sem elas, as classes A e B+ poderão agregar em seu orçamento doméstico os sacos de lixo. E as classes B-, C, D e E? Como comprarão sacos de lixo? Como descartarão seu lixo sem as sacolinhas? Será um problema ambiental, este sim real, pois os que os supermercados argumentam para banir as sacolas são equivocados".

Quantos empregos a indústria das sacolas plásticas gera no Brasil?
“A indústria gera mais de 30 mil empregos diretos no país e 70 mil indiretos. No Estado, são 6 mil diretos e 28 mil indiretos”.

Há riscos de demissão?
“Já existem casos de empresas que demitiram pela diminuição nos pedidos de sacolas plásticas. É natural, não tem remédio”.

Os supermercados oferecem como opção as caixas de papelão. Quais os riscos do consumidor em utilizá-las?
“Há alto risco de contaminação. Um estudo realizado pela Microbiotécnica, empresa de higiene ambiental, apontou que caixas de papelão e sacolas de pano usadas possuem alto grau de contaminação. Nas sacolas plásticas não foram encontrados coliformes totais, coliformes fecais, nem E.coli (Escherichia coli), enquanto em 58% das sacolas de pano havia a presença de coliformes totais. Já nas amostras de caixa de papelão, 80% apresentavam coliformes totais, 625 coliformes fecais e 56% E.coli".

O que fazer para o consumidor ter o retorno das sacolinhas plásticas?
“Existem ações na Justiça paulista. Muitos municípios criaram leis para banir as sacolas plásticas. O Tribunal de Justiça de São Paulo derrubou cerca de trinta leis como estas. O Estado sabe que é inconstitucional banir as sacolas, é o próprio TJ que diz".

Pois é, agora é só aguardar o próximo capítulo da novela...